O sensual, de uma forma só nossa

O sensual, de uma forma só nossa

domingo, 11 de dezembro de 2011

Feliz 2012

O tempo desliza com um movimento constante,
não muito diferente de um regato.
Pois nem o regato nem a hora fugaz conseguem
deter o próprio curso. Ovídio (As metamorfoses)

Foi a tradição judaica-cristã que estabeleceu o tempo linear (irreversível). Antes, ele se mostrava pela própria natureza. A Lua, a maré, tempo de maçã... Alguns dizem que ele é ilusão, entre eles filósofos e místicos. Mas falamos tanto em “tempo”. E se ele faz parte de uma fórmula, deve ter um valor.  Haverá mundos sem tempo? Resposta nem na ciência.
Fiquemos  em 2011 para 2012. Comemoração à meia-noite de 31 de dezembro. Festa e alegria. Ou não. Mas os sinos, as buzinas, os foguetes, os cantos, os brindes entram em todos os corações. Mais um ano!
Lembro-me de uma personagem (O Beco-faz-de conta.Teatro) em que, numa cena da passagem de ano, com sua amargura disfarçada,  ela faz um brinde, mesmo com a mesmice que a fecha em seu sofrimento.
Neste blog (desde 5/2011 ), vi que o tema recorrente é liberdade. Complexa, mas que, curiosa, se mesclou com muitos outros assuntos. E conservou seu enigma. Até quando? 
No conto   ‘Last Question’ ( ‘A última pergunta’), de Asimov, há uma indagação que a civilização do conto não para de fazer a um computador gigantesco: ‘Será que um dia conseguiremos superar a segunda lei da termodinâmica?’ Ele responde: ‘Os dados são insuficientes’. Transcorrem bilhões de anos, estrelas e galáxias morrem, e o computador que está ligado diretamente ao espaço-tempo, continua recolhendo dados. Finalmente, já não há informações a recolher e nada mais “existe”, mas o computador continua computando e descobrindo correlações. No fim, chega à resposta. Já não existe mais ninguém para tomar conhecimento dela, mas agora ele conhece a maneira de superar a segunda lei. E a luz se fez ...
Seria assim com a liberdade? Até lá, os “deuses” brigarão entre si pelo domínio da Terra. Mas uma definição de liberdade, postagem anterior,  me chamou a atenção.'Quem primeiro pensou que a liberdade e a igualdade podiam encontrar-se era um idiota ou um charlatão; a igualdade está longe de concordar com a liberdade, que a exclui.' (Marquês de Custine) Concordo. A desigualdade é que nos movimenta. Ela é o chão em que nascem os “gênios.”  Necessários. São poucos, em uma ‘massa’ conformada e adaptada a... E eu pergunto, e se fosse igual para todos? Resposta impossível.  Cada um é um. Desejos, sonhos, projetos de vida, gente que nasce na alegria – instante em que nossos olhos brilham e saudamos a vida. O depois? Vitórias, derrotas, o difícil nos desafiando ou nela nos aconchegando, onde vamos descobrindo nosso destino - como a boneca russa ou caixa chinesa, que vai se abrindo e desvendando suas faces ocultas.
Aprendi muitas palavras, que movimentam meu agora: Lançamento (livro), Bibliothèque de La Cité, Livraria, livreiros, editor, ilustradora, autógrafo, poemas sensuais, gráfica, marca-páginas, nomes de pessoas especiais, inesquecíveis, que estão na minha história e, neste blog, meu exercício de escrita e de pensamento, comunicação inédita com meus leitores (1576 vis,)
Falei em amor, em sensualidade (Genes da vida). Temas de meu livro de poemas, O sensual, de uma forma só nossa, que se somou aos textos de teatro, contos e outros escritos.
Me vem à lembrança um texto sobre este tema (A Era de Aquário - teatro). Éramos um grupo (Aquarius), incrível experiência de vida. Na cena final, em que personagens-atores e palavras e músico e música se faziam um em uma imagem que falava por si de amor, nosso ‘personagem especial’, ao se referir a ela, dizia: Esta imagem tem um significado. Um mundo melhor? A coragem de vencer? E não é uma imagem inatingível, mas uma imagem em evolução à espera do acréscimo pessoal de cada um. E o convite à platéia, que subia ao palco, ( não havia mais personagens, atores e platéia) e cantávamos juntos Aquarius, de J.Rado, de mãos dadas. Fomos muitos em  um tempo que nos uniu e une ainda. Poucos os que ainda estão, outros nos deixaram saudades, e dois são a saudade de uma ausência irreversível. Não estou mais na peça, mas ainda pergunto: Quem de vocês faria uma modificação na imagem de mundo que se nos apresenta hoje?
Um Feliz 2012. À família, lhes direi pessoalmente, também a alguns amigos, a outros e a meus leitores em especial, através desta mensagem.

                         
Babuska: boneca de réplicas cada vez menores. Significado: O Ser, em cada tempo de suas vidas, faces que se revelam a cada momento, a cada situação... um lá maior, um sustenido, uma melodia, palavras, ideais, metas, amor, sensualidade.
Até 2012.
                                       Joana Rolim

P.S. 2ª lei da termodinâmica: o calor só pode passar de um corpo mais quente para um mais frio.

Um comentário:

Cynthia Becker disse...

A nossa única estabilidade é a mudança. Incerteza permanente... Espinoza disse q a vida é percebida no contraste...

Joana, adorei as bonecas russas,sabe, qd dou aula uso elas para um exercício de escrita,pra mim ela retrata essa nossa diversidade de vozes, um eu guardado num outro eu...

Realmente vc me deixou de herança muitas coisas, e naquela época eu nem percebia rs.. Mas meu incosciente se encarregou de guardá-la..

Um abraço bem forte e um lindo final de ano!