O sensual, de uma forma só nossa

O sensual, de uma forma só nossa

domingo, 23 de outubro de 2011

A Poesia como mistério de ser

Este título está na orelha de meu livro de poemas: O sensual, de uma  forma só nossa , quando falo de mim mesma.

Gostei de vê-lo como título do comentário. Assim como amei o comentário. Sinto não poder ter a autenticidade da assinatura, senão eu o colocaria na capa de meu livro. E aqui. Assim o coloco como Anônimo. 

"O sensual, de uma forma só nossa, da escritora Joana Rolim, é uma obra dedicada às mulheres, mas é também um canto poético unisex. No entanto, só possível interpretá-lo pessoas que verdadeiramente amam, foram amadas e de todas as formas fantasiaram o amor, sem hipocrisia, pudores e nojos do cheiro forte da porra, do gozo que lambuza corpos e pode até ser sentido no coração e na boca.

Amor, enigma, tempo, imagens refletidas, ilusão, sedução, vida, sexo, perfume e ciúme estão presentes nas cem páginas  do livro que, para uns pode ser quase uma pornografia implícita, para mim um canto poético, um tributo ao amor, sem frescura, desmedido, uma tara da fértil imaginação, presentes nos poemas "Homem-Bicho-Sacana" (...) ou na suavidade em "Fatia do Tempo", "Sedução e Ingenuidade", "Tempo de Ser" e outros mais.

Não obstante, a poetisa Joana se encoraja e afirma que uma atéia pode não crer em Deus, mas sua referência  de criação e de vida é o amor; mesmo sem a água batismal, em meio à realidade religiosa, digladiando diuturnamente com o bem e o mal, enfrentados todos os santos dias.

Joana Rolim canta também os desejos recônditos em suas entranhas insaciáveis e ilusórias, em "Rebeldia", em "Alucinação" e se compraz com a atualidade virtual em "E-mail Prazer", capaz dos delírios teclados, que voam junto às nuvens na busca infindável da doação proibida dos amantes em "Miragem" ou em "Amor sem Nexo".

Narcisista que também é, a poetisa constrói o "Poema pra mim", onde usa um homem para falar de si própria, comparando-a como "Uma gota de Amor", que pode ser rejeitada, engolida ou evaporada.

O livro termina falando de saudades que abrem o mundo, enfrenta o vazio das perdas e medos. Ou das lembranças a serem construídas no amanhã porvir, enquanto houver homem/mulher desejosos, apaixonados e sedentos de amor?
Parabéns pela coragem do falar de amor desta forma fiel, indecifrável, mas com elegância ao utilzar palavras e rimas descompromissadas com o puritanismo dos incubados; quando o assunto é amor, vivido ou não.

Seu amigo e admirador ...Curitiba/PR- Setembro/2011"

Agradeço, de coração, o comentário. Me vi num espelho. Me vi feliz e amando. Quando se ama, se ama e se assume. E se canta o amor. E se faz poesia, porque é a alma que escreve. No poema "Alma Aventureira", me fiz poeta, " para o amor exaltar, para satisfazer o desejo da minha alma". Que é o amor senão a poesia da vida?
Como a vida é linda, quando  de amor nos alimenta. 

Obrigada. Tulpas ( e sua metonimia)  enfeitaram minha mesa no lançamento em Genebra, em 1º de abril de 21011. Joana Rolim

















domingo, 16 de outubro de 2011

Sites de encontros - Perdoar- o conceito

                                                       PERDOAR
Peguei um papel amarelado pelo tempo, e a palavra, também amarelada no meu tempo, me devolveu a sua complexidade, quehá muito  me atraiu.
No papel: perdoar. uma abordagem.
Na mente: qual seu real conceito, o que perdoar, como perdoar?
   Sem remorso
Eis o  raciocínio de Skidmore, na Veja, sobre o atraso do Brasil, cuja moral predomina na cultura brasileira." O protestante (americano), como diria Calvino, nunca sabe se será salvo ou não. O católico sabe que será salvo a cada missa de domingo. Ele vai até o padre, consegue uma absolvição para os pecados e volta para casa. Livre para pecar mais uma semana."
Perdão divino
Para o 'brasilianist' da Brow University, a elite americana tem sentimento de culpa. É um traço do protestantismo. Ela sabe que não terá absolvição numa simples confissão. A elite brasileira não. Ela confia no perdão divino aqui na Terra e comete injustiças sob o manto da indulgência celestial. Que tal?
 Uma fatalidade
Diz ainda Skidmore: "Não existe ideal de igualdade no Brasil. Os pobres não acreditam no direito a uma vida melhor. Culpam o destino e ficam na ladainha do 'o senhor é que sabe', 'a senhora é que manda'. E tudo se resume no 'se Deus quiser'.

O papel ficou na gaveta e também na mente. Com este anúncio, do site Hootel (artigo anterior), resolvi encarar definitivamente a questão.

Descontruir é um desafio. Concretizado, desfaz sutilmente idéias-parasitas. Que nos surpreende. Parei e fui mexer, mexido, nelas.

Palavras e suas nuances mudam as mentes, se juntam às mentes, se matam as mentes, se briga com as mentes e, quando elas se tornam  'massas', elas , as mentes, que as criam, celebram, e os que as tomam como verdade e as seguem, se apavoram ou as aplaudem, acostumando-se, ou melhor, se viciando.
Por isso ela  pode ser também perigosa. Quem sabe usá-las, neste caso,  tem  nas mãos o poder.

No Brasil, algumas palavras - manchetes - nos atordoam: Bandidos de Toga (Veja-5/10/11); O Brasil é feito para nos matar - Pedro Cardoso -( Isto É -12/08/09); A Rede de Terror no Brasil (Veja -06/04/11). E terror tem lógica! Bandido tem ética! Assusta, não? Um país abençoado por Deus!

Perdoar fecha uma idéia complexa, que adquiriu o 'satus' de salvo-conduto para a vida eterna. 'Porque se perdoardes aos homens suas ofensas, também vosso Pai celeste vos perdoará; se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, tampouco vosso Pai vos perdoará vossas!' (Mateus 6:14-15).

Na Terra, pressupondo-se outros reinos de Deus, 'Jesus pagou com sua morte na cruz o preço pelos nossos pecados.' Como o brasileiro grita! De alegria! Não é pra menos. Liberdade! 

Isso tudo não deixa de ser uma jogada decisiva por parte da religião. Peca-se à vontade. Passagem paga antecipadamente. 

Mas me pergunto: Como jogar a idéia do perdão em Israel, diante da atrocidade nazista? Ou aos povos dominados pelo comunismo, com seus assassinatos escondidos em covas comuns? Como pais perdoam filhos que os agridem? Ou vice-versa? (Um parênteses:a mãe-dor sempre perdoa! A mãe-não dor avalia antes.) Como perdoar a pessoa distorcida, que age como um meme, contaminando o outro com seu vírus? E as vítimas do fascismo, as vítimas do dominadores na África, matando, matando...E a impossibilidade de pôr em prática outra famosa frase religiosa, dirigida aos 'mortos': 'Levantem-se!' E o mito de Eva que subjugou a mulher como um ser inferior na História da Terra, se imiscuindo em cada faceta e nível de sua vida, transformando-a em 'ovelha '? Até na gramática: homem e mulher? Não! Homens. As cicratizes são na alma.

A realidade: se não se perdoa, se é inflexível, insensível, um "monstro", aos olhos alheios. Me pedoem: Uma filha, um filho do diabo. ( Ainda bem que conheço esta luz e não olho nesses olhos). 

Na expressão: 'Deus perdoa', mora o perigo.É decisiva. Aí a chave: banalização do conceito. Já fizeram isto com a vida. O brasileiro sabe bem. Nós perdoamos muito, banalizamos muito. Tornou-se vício. Vício alimenta ideologias. Azar nosso! TEM ALGO ERRADO. Se não, não leríamos as manchetes... E aí a gente fica  mesmo com cara de Otário, como no cartaz (corajososo, mas que ficou nisso) no recente 7 de setembro.

Curiosidades:
O povo de Alagoas ( terra do Collor) deu o nome a uma 'bolsa ordinária, de palha, grande', de perdoo. Cabe de tudo, e bem fechado.

Recentemente, um senador - Ernie Chambers - Nebrasca, Estados Unidos, não perdoou, ACUSOU Deus
Ele entrou com um processo na Justiça. O processo foi arquivado, mas ele irá recorrer. Perguntado sobre quais eram as acusações, respondeu: furacões, tormentas, fome, doenças.... se Deus era uma pessoa, respondeu que não necessariamente, mas que sua existência está provada nos Estados Unidos (dólar, juramentos); se ele acreditava em Deus, respondeu que não, mas que a Justiça é que precisava acreditar e que, portanto, Ele (onisciente) estaria na corte para o julgamento. (Veja (20/10/08)

Imagine esta CENA no BRASIL? É melhor eu me calar. Mas fazê o quê? Sou povo. Me provocam.

MInha mente se firma. Sorrio. É o final.

Fico com Jacques Derrida. "Perdão, verdade, reconciliação. E a multiplicação de cenas de perdão, reconciliação. (Acrescento; com seus periféricos emotivos!) O valor do perdão é muitas vezes confundido com valores próximos, como a anistia e outros. Perdão não é anistia, nem desculpa, nem reconcliação. Esses valores se misturam, ( se banalizam). 
Que é perdão? É um fenômeno de cristalização, incondicional. Temos de transformá-lo em condicional. 
Perdão depende de avaliação. ``As vezes os menos graves são os piores.

Volto ao anúncio do site Hootel  "Tenha um caso. Se arrependa depois"". Deus perdoa.

Joana Rolim









domingo, 2 de outubro de 2011

Sites de encontros - Sexo fora do casamento

Em entrevista, Elisabeth Badinter - tema feminista - afirmou: "a mãe perfeita é um mito". Filósofa francesa, expôs seu pensamento entre aspas: "Ainda no século XXI, a boa mãe é a que sofre". E fala das mulheres com expressão vazia enquanto cuidam de seus filhos nas praças e jardins.
Uma expressão vazia no olhar, sabemos o que é, ou a disfarçamos. Mas não confundir com a expressão de Clarice Lispector, falando de um alguém apaixonado: " a gente fica com os olhos vidrados, olhando para a lua".
Parei, olhos perdidos no espelho cinzento das lembranças, janela aberta, olhando a vida e ... me deparei com um outdoor, com um anúncio publicitário - um convite-vertigem de um mundo proibido, estranhamente apresentado pela mão do Cristo-imagem, no  Corcovado: "Tenha um caso agora! Arrependa-se depois." No mais estreito sigilo! Homens pagam. Mulheres não.
- Blasfêmia!- gritou a Igreja Católica, dona da propriedade da imagem. E acionou os responsáveis juridicamente.
- OK, não se contesta isso. Mas 'blasfêmia'!
- Moisés, o senhor e sua tábua sagrada! - estamos em 2011. Por que ela teima em pregar como pecado 'um caso'?

Meus olhos em qualquer ponto do espaço, o cérebro se discutiu: O quê? Do quê? De quê? Por quê? Traição? Trair o que já não é! Agressivo? Agressividade é grudar a mulher num nicho - com todas as suas consequências - e escrever a clássica frase eternizada pela humanidade: "a mãe: a dor". E se fosse  'a mãe: o prazer'? O masoquismo reinante na religião não permitirá nunca.
- Perdoar! - a lei do perdão, instituída pela Igreja, é uma lei que gira viciosa e banalizada. Estratégia: confissão. Penitência: uma oração. E assim a liberdade de se praticar um novo ato condenado se repete num processo contínuo, que atordoa, mas que acostuma. Livre! Perdoado! E se cristaliza, então, o outdoor da violência - assassinato, roubo, estupro, intromissão, droga, assalto, corrupção, mentira... Sabe-se de cor o dicionário que a caracteriza. No entanto, não se vê, na cidade-símbolo do Brasil, nenhuma ação jurídica por parte dessa 'guardiã dos bons costumes' contra a infame violência social, que vive e cresce e, como um polvo, estende seus tentáculos, apertando a garganta de vidas, sufocando-as. Como interpretar as mãos estendidas do Cristo-símbolo?
O que o site oferece? Momentos felizes. Sem impor, sem castigo, mas com convicção, realista e amarga, da insatisfação sexual humana, que sempre buscou no 'escondido' esse prazer, quando  a 'performance' não convence. Que paradoxo! Mas o site se  apoiou em pesquisas: milhões de insatisfeitos e insatisfeitas. Somos bilhões. Não são tantos assim. E já faz sucesso. O que a Igreja tem a ver com a decisão de cada um? Como ela, que dá o exemplo com seus crimes sexuais - na verdadeira acepção da expressão, contra mulheres e crianças, cometidos por seus 'ministros', e pagando, juridicamente, com o dízimo de fiéis, um mal que nunca será perdoado, impõe 'moralidade'?
Qual a cara do Brasil hoje? De  'otário'? De pessoas que, apesar de terem o livre-arbítrio (ditado pela Igreja) não podem decidir sua vida.?
- Se meter na vida dos outros! Que feio!
   
Milhões de pessoas já não têm a expressão vazia e, sim, cheia de cores da vida que urge (não ruge), antecipando o prazer, talvez também, junto a 'olhos vidrados, olhando para a lua...'

P.S. Pedidos de desculpa por parte da empresa puseram fim à questão. A empresa retirou o outdoor. Está perdoada.

- Que tal colocá-lo outra vez? Só no Rio? O Brasil é maior.

Continua...
Perdoar é uma palavra controversa.