A guerra silenciosa . Na Livraria Varal do Brasil
E um cartaz.
Cartaz da Livraria Varal do Brasil -
26º SALON INTERNATIONAL DU LIVRE ET DE LA PRESSE
GENÈVE 25AVRIL - 29 -AVRIL - 2012
Texto publicado na Revista Varal do Brasil (nº 14, março-abril)
www.varaldobrasil.com
A Guerra
Silenciosa
Era
uma vez uma cidade, Curitiba, cidade-jardim, cidade das araucárias, da gralha azul.
Flores, muitas flores. A flor é sorriso, esperança, um ideal a se fazer, a gratidão pela vida. Cidade de clima frio,
povo frio ( a queixa de quem para aqui vinha), paradoxalmente acolheu imigrantes europeus, que traziam uma
visão de um primeiro mundo evoluído, ou a dor de uma guerra estridente, feita
de tiros. Para um lugar de paz. Havia paz.
Cidade-teste,
a classe teatral confiava em seu discernimento: estréia em Curitiba ─ o sucesso
ou o fracasso. Com suas características de pequeno povoado bandeirante (1693),
se desenvolveu absorvendo costumes, trabalho e responsabilidade, que
caracterizavam seus cidadãos. Idioma respeitado, virava piada com a pronúncia
exata: "leite quente", ou vocábulos só aqui falados: guri, guria.
Era
uma cidade de tradição, seus moradores a fizeram assim. Com orgulho. Como
também era orgulho seu sistema de transporte, seus parques e praças, o cuidado
com o meio ambiente. Foi considerada cidade-modelo, e como a cidade com melhor
qualidade de vida, (2007-Reader's Digest).
"Era
uma vez..." Não é mais. 2012- fevereiro: Curitiba, a cidade mais violenta
do Brasil. O choque, a pergunta. O que aconteceu? Por quê? A arma silenciosa do
pouco caso: periferia inchada, crescimento da pobreza, ausência de política
governamental, que se insinuaram silenciosamente durante os poucos últimos
anos, fazendo da violência, da guerra inominada, arma secreta, com silenciador.
Eficiente.
Alguma
semelhança com outros estados do país?
Leio
antes Bertrand Russel (meu filósofo preferido, que me ensinou o bê-a-bá da
vida). "Evidentemente o pensamento não é livre. Se proferir certas opiniões
torna-se impossível encontrar um ganha-pão."
Mas
vá lá. Está na imprensa, está nas ruas, está na mente do povo. Mas... com a
violência não se brinca. Vou falar.
Brasil─agora,
as 'asas' da liberdade foram cortadas. Um pássaro sem asas.
(Sabiam fazer metáforas. Confundiram-na com o Espírito Santo.) E o sinal
vermelho-sangue se ilumina. Todas as manobras são feitas para calar a imprensa,
calar os escritores. A língua portuguesa tem que ser descaracterizada - o
patrimônio de um povo tem que ser dilapidado.
Calar
o povo? O povo não fala! Precisa de uma língua para expressão? Contando que dê
para se fazer entender. 'Eu vou comprá dois pão." E daí em diante,
assiste-se ao doloroso espetáculo do desmoronamento de uma nação.
Desestimula-se a leitura, substitui-se pela História em Quadrinhos (Nada contra ela em si). E vê-se o fiasco de
um Enem, sem perfil, sem cuidado (propositalmente) para ajudar afilhados ou
ignorantes, diante da intriga escabrosa de questões antecipadas para
'privilegiados', tornando a maioria 'tola com caneta".
Onde
o movimento estudantil em busca da cultura? "O governo os embebedou e lhe
prometeu 'ministérios' E lhe dá dinheiro para orgias, regadas a wisque e
vodca - com o lema ' revolução pela garrafa' (Veja,2/11/11) e, no chão
molhado, encharcam seus Nikes e Adidas." Nós pagamos. Sem reclamar.
Mas
é a vez da ideologia comunista
no poder. Têm que mostrar a sua cara. A historia é cíclica, e hoje,
'contrariando seus princípios' deitam e rolam na corrupção. No governo. (Veja,2/11/11).
Liberdade?! Ideais afogados. Onde o povo? É
domesticado, não fala em liberdade. Paradoxo: são livres no servilismo.
Onde
estão nossos filósofos, escritores, líderes?
E
as perguntas:
(Às
igrejas.)
─ Os
mandamentos fizeram do Brasil um mundo melhor?
(Aos
'ditadores'.)
─ Saciaram
com ouro e maldade sua criminosa alma?
(Aos
corruptos.)
─
O dinheiro do crime os fez livres?
(Aos
nossos juízes.)
─ Colocar
a toga os fez autoridades para defender nossas leis?
(Ao
povo.)
─ Já
ouviram falar da palavra LIBERDADE?
Foi
tudo tão silencioso. De repente, a prisão, as tragédias, e encarceraram o povo.
Ninguém ousa...! A dissidência foi comprada.
Quem
foram os déspotas monstruosos que governaram com tiros abafados, sorriso de
hiena, ideologias arcaicas, ao som do samba, ou do grito de Gol!!!
Mas
o governo não sabe de nada! Guerra? Temos a paz, dizem eles. Representada pelo
pombo sangrento, também confundido com o "espírito santo"?
A
palavra calada. A mente calada. A guerra silenciosa, sem tiros, com a máscara
da paz. O povo enganado.E
a constatação: Governar não é para qualquer um.
Onde o líder-gênio que
transformará o Brasil em uma nação e o ensinará a paz, a justiça, a liberdade
no pensar e em seus deveres e direitos?
P.S.
Não confundir com o 'gênio' preso na garrafa que, quando liberto, realiza
sempre três pedidos. É uma boa piada, enquanto piada. Mas banalizá-la em
tragédias...
Curitiba, nós te amamos!
Joana
Rolim.