O sensual, de uma forma só nossa

O sensual, de uma forma só nossa

domingo, 11 de março de 2012


A guerra silenciosa . Na Livraria Varal do Brasil

E um cartaz.

      
Cartaz da Livraria Varal do Brasil -

  26º SALON INTERNATIONAL DU LIVRE ET DE LA PRESSE
GENÈVE 25AVRIL - 29 -AVRIL - 2012      
       










Texto publicado na Revista Varal do Brasil  (nº 14, março-abril)
                                                    www.varaldobrasil.com

                  
                                              A Guerra Silenciosa

  Era uma vez uma cidade, Curitiba, cidade-jardim, cidade das araucárias, da gralha azul. Flores, muitas flores. A flor é sorriso, esperança, um ideal a se fazer,  a gratidão pela vida. Cidade de clima frio, povo frio ( a queixa de quem para aqui vinha), paradoxalmente  acolheu imigrantes europeus, que traziam uma visão de um primeiro mundo evoluído, ou a dor de uma guerra estridente, feita de tiros. Para um lugar de paz. Havia paz.

  Cidade-teste, a classe teatral confiava em seu discernimento: estréia em Curitiba ─ o sucesso ou o fracasso. Com suas características de pequeno povoado bandeirante (1693), se desenvolveu absorvendo costumes, trabalho e responsabilidade, que caracterizavam seus cidadãos. Idioma respeitado, virava piada com a pronúncia exata: "leite quente", ou vocábulos só aqui falados: guri, guria.

  Era uma cidade de tradição, seus moradores a fizeram assim. Com orgulho. Como também era orgulho seu sistema de transporte, seus parques e praças, o cuidado com o meio ambiente. Foi considerada cidade-modelo, e como a cidade com melhor qualidade de vida, (2007-Reader's Digest). 

  "Era uma vez..." Não é mais. 2012- fevereiro: Curitiba, a cidade mais violenta do Brasil. O choque, a pergunta. O que aconteceu? Por quê? A arma silenciosa do pouco caso: periferia inchada, crescimento da pobreza, ausência de política governamental, que se insinuaram silenciosamente durante os poucos últimos anos, fazendo da violência, da guerra inominada, arma secreta, com silenciador. Eficiente. 

  Alguma  semelhança com outros estados do país?

  Leio antes Bertrand Russel (meu filósofo preferido, que me ensinou o bê-a-bá da vida). "Evidentemente o pensamento não é livre. Se proferir certas opiniões torna-se impossível encontrar um ganha-pão."

  Mas vá lá. Está na imprensa, está nas ruas, está na mente do povo. Mas... com a violência não se brinca. Vou falar.

  Brasil─agora, as 'asas' da liberdade  foram cortadas. Um pássaro sem asas. (Sabiam fazer metáforas. Confundiram-na com o Espírito Santo.) E o sinal vermelho-sangue se ilumina. Todas as manobras são feitas para calar a imprensa, calar os escritores. A língua portuguesa tem que ser descaracterizada - o patrimônio de um povo tem que ser dilapidado.
Calar o povo? O povo não fala! Precisa de uma língua para expressão? Contando que dê para se fazer entender. 'Eu vou comprá  dois pão." E daí em diante, assiste-se ao doloroso espetáculo do desmoronamento de uma nação. Desestimula-se a leitura, substitui-se pela História em Quadrinhos  (Nada contra ela em si). E vê-se o fiasco de um Enem, sem perfil, sem cuidado (propositalmente) para ajudar afilhados ou ignorantes, diante da intriga escabrosa de questões antecipadas para 'privilegiados', tornando a maioria 'tola com caneta".

  Onde o movimento estudantil em busca da cultura? "O governo os embebedou e lhe prometeu 'ministérios' E lhe dá dinheiro para orgias, regadas  a wisque e vodca  - com o lema ' revolução pela garrafa' (Veja,2/11/11) e, no chão molhado, encharcam seus Nikes e Adidas." Nós pagamos. Sem reclamar.

  Mas é a vez da ideologia comunista no poder. Têm que mostrar a sua cara. A historia é cíclica, e hoje, 'contrariando seus princípios' deitam e rolam na corrupção. No governo. (Veja,2/11/11).

  Liberdade?! Ideais afogados. Onde o povo? É domesticado, não fala em liberdade. Paradoxo: são livres no servilismo.

  Onde estão nossos filósofos, escritores, líderes?

  E as perguntas:

 (Às igrejas.)
 ─ Os mandamentos fizeram do Brasil um mundo melhor?

 (Aos 'ditadores'.)
 ─ Saciaram com ouro e maldade sua criminosa alma?

(Aos corruptos.)
─ O dinheiro do crime os fez livres?

(Aos nossos juízes.)
─ Colocar a toga os fez autoridades para defender nossas leis?

(Ao povo.)
─ Já ouviram falar da palavra LIBERDADE?

  Foi tudo tão silencioso. De repente, a prisão, as tragédias, e encarceraram o povo. Ninguém ousa...! A dissidência foi comprada.
Quem foram os déspotas monstruosos que governaram com tiros abafados, sorriso de hiena, ideologias arcaicas, ao som do samba, ou do grito de Gol!!!

  Mas o governo não sabe de nada! Guerra? Temos a paz, dizem eles. Representada pelo pombo sangrento, também confundido com o "espírito santo"?

  A palavra calada. A mente calada. A guerra silenciosa, sem tiros, com a máscara da paz. O povo enganado.E a constatação: Governar não é para qualquer um. 

  Onde o líder-gênio que transformará o Brasil em uma nação e o ensinará a paz, a justiça, a liberdade no pensar e em seus deveres e  direitos?

  P.S. Não confundir com o 'gênio' preso na garrafa que, quando liberto, realiza sempre três pedidos. É uma boa piada, enquanto piada. Mas banalizá-la em tragédias...

                                             Curitiba, nós te amamos!

                          Joana Rolim.