O sensual, de uma forma só nossa

O sensual, de uma forma só nossa

quinta-feira, 16 de junho de 2016

O sensual de uma forma só nossa é identidade do meu livro de poemas, que nasceu oficialmente em Genebra, em 1º de a bril de 2011. É uma história de amor virtual-real, real-virtual de Jahn e Dawna, personagens ficcionais. E o que é a  ficção, senão um nível de realidade? Assim o amor se fez real, na linguagem poética, na  linguagem que emerge da alma, que transforma vidas, alimenta-as, que faz sonhar.
Como no resumo do livro, o sonho inesperado sonhando o real.
Nasceu dentro de um romance, que eu estava escrevendo. Nasceu imerso na sensualidade, no amor, na sedução. E como é bom escrever sobre o amor - que nos envolve com a felicidade, que muda a cor de nossos olhos e do nosso mundo, nos inunda com cores e faz de nossas palavras arte. Convivendo com a sensualidade, com a sedução, veio, para a história, a inspiração, com sua fala meiga e gentil, seu sorriso ardente e carinhoso, fazendo surgir meu primeiro poema sensual, deixando-me perplexa na vida.  Ele materializa a emoção. E somos emoção.
E o sonho de amor e o sonho do escrever se tornaram um.

                                Palavra-pecado                                                 

Ele me disse, com sua boca carnuda e bela, 
E eu o ouvi avidamente:
"Te vejo despudoramente nua na minha frente,
Mas é impronunciável, ainda, uma palavra..."

Que palavra é essa?
Que palavra sexual, tão carregada de energia,
Queima sua boca, que se fecha, sufocando-o?
Teria a cor intensa do sexo, o gosto do pecado,
O cheiro do viver?
O som de estrelas que explodem?
- como explode meu corpo em contrações de lábios
Que se abrem e fecham, apertando o prazer!

No espaço não há som!
Mas há mistério!

Esse mesmo mistério que me alucina e me penetra,
Me queimando com seu esperma,
Como o relâmpago, que tudo transforma em fogo,
E em fogo explode meu orgasmo,
No instante final em que a mente se esvai...

                                                                Joana Rolim 

P.S. Direitos autorais protegidos por Lei, Regisrado na Fundação Biblioteca Nacional.

Palavra-pecado

Em entrevista, Elisabeth Badinter - tema feminista - afirmou: "a mãe perfeita é um mito". Filósofa francesa, expôs seu pensamento entre aspas: "Ainda no século XXI, a boa mãe é a que sofre". E fala das mulheres com expressão vazia enquanto cuidam de seus filhos nas praças e jardins.
Uma expressão vazia no olhar, sabemos o que é, ou a disfarçamos. Mas não confundir com a expressão de Clarice Lispector, falando de um alguém apaixonado: " a gente fica com os olhos vidrados, olhando para a lua".
Parei, olhos perdidos no espelho cinzento das lembranças, janela aberta, olhando a vida e ... me deparei com um outdoor, com um anúncio publicitário - um convite-vertigem de um mundo proibido, estranhamente apresentado pela mão do Cristo-imagem, no  Corcovado: "Tenha um caso agora! Arrependa-se depois." No mais estreito sigilo! Homens pagam. Mulheres não.
- Blasfêmia!- gritou a Igreja Católica, dona da propriedade da imagem. E acionou os responsáveis juridicamente.
- OK, não se contesta isso. Mas 'blasfêmia'!
- Moisés, o senhor e sua tábua sagrada! - estamos em 2011. Por que ela teima em pregar como pecado 'um caso'?

Meus olhos em qualquer ponto do espaço, o cérebro se discutiu: O quê? Do quê? De quê? Por quê? Traição? Trair o que já não é! Agressivo? Agressividade é grudar a mulher num nicho - com todas as suas consequências - e escrever a clássica frase eternizada pela humanidade: "a mãe: a dor". E se fosse  'a mãe: o prazer'? O masoquismo reinante na religião não permitirá nunca.
- Perdoar! - a lei do perdão, instituída pela Igreja, é uma lei que gira viciosa e banalizada. Estratégia: confissão. Penitência: uma oração. E assim a liberdade de se praticar um novo ato condenado se repete num processo contínuo, que atordoa, mas que acostuma. Livre! Perdoado! E se cristaliza, então, o outdoor da violência - assassinato, roubo, estupro, intromissão, droga, assalto, corrupção, mentira... Sabe-se de cor o dicionário que a caracteriza. No entanto, não se vê, na cidade-símbolo do Brasil, nenhuma ação jurídica por parte dessa 'guardiã dos bons costumes' contra a infame violência social, que vive e cresce e, como um polvo, estende seus tentáculos, apertando a garganta de vidas, sufocando-as. Como interpretar as mãos estendidas do Cristo-símbolo?
O que o site oferece? Momentos felizes. Sem impor, sem castigo, mas com convicção, realista e amarga, da insatisfação sexual humana, que sempre buscou no 'escondido' esse prazer, quando  a 'performance' não convence. Que paradoxo! Mas o site se  apoiou em pesquisas: milhões de insatisfeitos e insatisfeitas. Somos bilhões. Não são tantos assim. E já faz sucesso. O que a Igreja tem a ver com a decisão de cada um? Como ela, que dá o exemplo com seus crimes sexuais - na verdadeira acepção da expressão, contra mulheres e crianças, cometidos por seus 'ministros', e pagando, juridicamente, com o dízimo de fiéis, um mal que nunca será perdoado, impõe 'moralidade'?
Qual a cara do Brasil hoje? De  'otário'? De pessoas que, apesar de terem o livre-arbítrio (ditado pela Igreja) não podem decidir sua vida.?
- Se meter na vida dos outros! Que feio!
   
Milhões de pessoas já não têm a expressão vazia e, sim, cheia de cores da vida que urge (não ruge), antecipando o prazer, talvez também, junto a 'olhos vidrados, olhando para a lua...'

P.S. Pedidos de desculpa por parte da empresa puseram fim à questão. A empresa retirou o outdoor. Está perdoada.

- Que tal colocá-lo outra vez? Só no Rio? O Brasil é maior.

Continua...
Perdoar é uma palavra controversa.