O sensual, de uma forma só nossa

O sensual, de uma forma só nossa

terça-feira, 26 de junho de 2012

Que legado, Eva!

Pesquisas são interessantes.Fixam quadros dantescos ou os transformam em charge, ou alimentam o mercado de consumo ou viram livros, ou realizam catarses ou...

Numa pesquisa da Indiana University, publicada no Archives of  Sexual Behavior, li sobre homens e mulheres - pesquisa feita por homens. "Homens gostam mais de carinho do que as mulheres". ?!?! O fato é que ficaram "atônitos". Até o que sei, devo então estar desatualizada,  a expressão é ao contrário.
Sabe-se então que mulheres não se importam muito com abraços e beijos, mas os homens, sim!!! Abraços e beijos os fazem trêêêsss vezes mais felizes. Não falaram do porquê.

A pesquisa suscitou comentários de profissionais no assunto. Instigou-os a investigar. E fizeram pesquisas com ... a mulher. Tinha que ser. E elas responderam. Que coragem! Três perguntas formuladas: sobre sentimentalismo ( não sentimento ), sensualidade e sexualidade. Sentimentalismo gerou lamúrias: "um homem com quem se compartilhe coisas, em quem se possa confiar,  que seja gentil". Sensualidade provocou nada menos que: "sorriso envolvente", "vigoroso, mas não necessariamente atlético", "apaixonado pela vida e sexo".  Sexualidade teve a ousadia de ter respostas "profundas": "Eles têm que ter mais paciência", "conhecê-las em detalhes", "jeito de tocá-las", "posições preferidas" e, a mais densa, "diálogo no dia a dia".

Ah! se tivessem perguntado por que os homens as chamam de "anjo", a resposta seria : Somos seres assexuados como eles". 

Como de questões e respostas como essas é que sai o alimento das normas de comportamento, de mercados de consumo, de reportagens de capa, de propagandas, da mídia em geral, numa imagem de photoshop ( ou desfigurando-a), parei pra pensar. Loira pensa!

Numa reflexão descolada, dessas que a gente fecha com uma risada, me disse: "É o legado de Eva!" Na simplória cena da... adivinhe! E a realidade tacanha se consolida, tal qual a maçã envenada dada, num gesto descarado, pelos contadores de história. Bruxos? "Ah! não!" "Calma, foi uma bruxa".

Que legado! Cresce mais que o nariz de pinóquio.

Tem gato escondido nesta história ( digo história porque ela estã perto de mim).

Aí o lado engraçado da história (que pode não haver acordo): Se Eva tivesse se dado a um sexo gostoso e sensual, e deixado de lado o sentimentalismo, nossa história seria outra. E me pergunto: Que cabeça(s) imbecil (is) inventou(aram) esta história? (Uso esta, porque ela está perto de mim.) E como ela se perpetuou? E o fato: A mulher como cúmplice. Como? O homem já tem a resposta na ponta da língua: " Foi ela que me tentou." Coitadinho! Vítima.  E impingiu na mulher o complexo de culpa.

E haja paciência para aguentar a história de alma gêmea, do pedaço que  me completa, do homem  que me procurou nesta vida, já tínhamos sido amantes em outra. Não sabia que faltava pedaço ao ser humano. Ah, me desculpem, é modo de falar! O fato é que, no atual, depois da "rebeldia  feminina, de gritos, de acordo com a situação, queima de sutiã, estamos mergulhadas em um paradoxo:  a sociedade em geral, desde a mídia, unida ao social-familiar, incentiva o  sentimentalismo (aqui vai bem),a sensualidade e a sexualidade  e, ao mesmo tempo,com o faro de um cão de guarda, transforma tudo isso num ato condenável, quando protagonistas são flagrados em um 'deslize' e se formam escândalos? memoráveis, pondo-se como guardiões da Árvore do Conhecimento.
 
É, a mulher está carente! Principalmente as casadas. Mas não é para se desesperarem. Estão aí os sites que " buscam amantes para mulheres casadas".

É só  cadastrar o perfil. Depois de vencer o desafio.

O instinto, atrevido e exultante, acessou! Já te contou?

P.S.
Sugiro ler o poema DETALHES, deste livro de poemas.



quinta-feira, 7 de junho de 2012

Metáforas de Liberdade


                                  
  Num exemplo simplista, uma reflexão de momento me levou ao último verso de um poema que escrevi: 'A escolha da liberdade'. Eu era jovem, talvez ainda não a entendesse. Mas a desejava. Resquícios de conceitos? Idealismo? O tempo, sempre o tempo, que dá cara aos momentos, me esboçou o passado: plantava-se no coração dos jovens o idealismo, a liberdade, alegria... trabalho. Mesmo no Brasil, aldeia fechada, que nos fechava também. Desmistifiquei obstáculos que impediam essas sementes de crescer. E tenho muito a aprender. Não sabia se elas venceriam. Meus textos foram meu diário. Eu vi um botão em cada texto escrito, e nas minhas poesias em particular. Foi nelas que aprendi a fazer metáforas.  A realidade se sobrepôs, e as metáforas se transformaram em arte. Jornada difícil. Aventura de vida. A metáfora na vida. Entendi.

  Liberdade tem Beleza, Elegância, Perfeição e Disciplina. Como o Universo.

  Assisti a uma entrevista, gravada, de Joseph Campbell ( O Poder do Mito). Toda a ânsia do Ser em criar uma ligação com o Universo.  Um exemplo de Mito. Mexeu comigo.  O mito e a expressão brilhante de seu olhar enquanto falava.
  "Ritual da sexualidade" entre índios: A festa dura dias. Muita dança, cantos. Uma cabana. Uma jovem, nua, deitada no chão. A jovem feliz.  Entra um rapaz para sua iniciação sexual. Depois mais um, outros. Felizes. Cientes de seu fim. Viveriam a sua verdade. No sexto, a cabana desaba. Mortos, assados, comidos.'

 Ainda na entrevista:
Repórter  ─ O mito é mentira!
Campbell ─ O mito é metáfora.
Repórter  ─ O mito é mentira!
  O escritor de repente compreendeu que o repórter não sabia o que era uma metáfora. Também questionou os mitos de hoje: Quais são nossos mitos? O mercado? Isso até 1987. De lá pra cá muita coisa, sutil e velozmente, aconteceu.

Assistindo ao jogo de vôlei da seleção brasileira, sua derrota previsível na quadra, observei um detalhe: em letras chamativas, o nome do patrocinador. Na camisa, no peito. Um pequeno símbolo, acima, se referia ao Brasil.
  Não era assim. Lembro-me das letras destacadas e inflamadas de entusiasmo -Brasil - nas camisas - verde - amarela - dos atletas. Eles representavam o Brasil. Tinham consciência disso. Eram nosso orgulho, éramos nós lutando - para vencer. Livres no patriotismo, no grito, na torcida, na alegria. Queríamos a Perfeição. A vitória. Foi uma sensação estranha.
  O detalhe na camisa me marcou. Como o brilho dos olhos do escritor, no caso horripilante narrado. Depois entendi que ele vibrava pelo mito em si. Este acabou. Outros não. Outros evoluíram. E fez a dramática pergunta: Quais os mitos atuais?
De lá para nossos dias, a humanidade deu um salto. Para o abismo? Cabe às gerações ainda presentes decidirem.
  
 Voltei ao jogo. O repórter, no desespero, gritava. Faltou técnica, faltou trabalho! Faltou responsabilidade! Disciplina! Faltou garra! Não pode deixar de receber a bola! O que é essa indecisão! Isso é levantamento Que tática!? Brasil! De repente um grande movimento. A torcida dele vai à loucura. Mais decisão! Mais potência na luta! Quanto mais erros você cometem, mais são dominados!  E a derrota. Não eram livres para a vitória.

Suas palavras  eram a ânsia de perfeição se manifestando, de liberdade abrindo uma brecha para a vitória, no grito de desespero ante a imagem da tristeza. Era comunicação íntegra, eficaz, que não comportava derrota. Mas aceita, cabisbaixa, coração apertado.

Onde nossos mitos para explicar o homem e o universo?
Fala-se no mercado, nas ideologias políticas ultrapassadas, que fazem e desfazem seguidores, que distribuem medalhas e  que criam suas próprias metáforas. Transformadas em realidade. E aguentemos os mitos arcaicos que nos dominam, dominam metade da humanidade, como os religiosos. Alguns de dois mil anos atrás. Outros mais. Outros recentes. Com personagens falsificados em tramas servis. A ciência é que defende a liberdade. Somos descendentes de símios. Agimos por imitação. 

Se mito é metáfora, ele não é mentira, mas não é realidade! Aí o problema. Transformar o mito em realidade. Mitos caducam. Aprisionam. São ninhos de preconceitos, de ignorância, são 'algemas invisíveis' (metáfora). Aí um empecilho para a liberdade. Aí o blefe imposto à humanidade.
Um vitória tem sua engrenagem. Na derrota do Brasil, ela não esteve presente. A liberdade tem sua essência. Me lembrei da Gestalt, de um seu princípio básico: o paradoxo: liberdade necessita de disciplina. Aprendi isso cedo. A minha e a compartilhada. Na comunidade. Na nação. No mundo.
Depois... o jogo de tênis. Federer jogando. A platéia iluminada com jogos de luzes, destacando rostos. Alegres, torcendo, vibrando, livres. Um cartaz se iluminou, uma metáfora brilhou: SE O TÊNIS FOSSE RELIGIÃO, FEDERER SERIA DEUS.
Nessa religião eu entraria: ELE lidera como gênio, lidera pela perfeição, pela liberdade, pela competência, pelo exemplo, pela emoção, não dita leis, não promete nada e não manda recados.
P.S. "Seus olhos (dele) são estrelas." Uma metáfora. Transformada em comparação: 'Seus olhos brilham como uma estrela brilha. Olhem mais atentamente para o seu olhar. Verão a liberdade.
Liberdade é comunicação.
                                                                                                         Joana Rolim

Joana Rolim: - Você escreve, de forma metafórica ou não, mas sempre com aquela condição indelevelmente sua, de criar uma imagem com palavras. Se alguém disse que "uma imagem vale mais que mil palavras", você com poucas plavras, cria mil imagem. Cada pessoa que lê seus escritos, tem mitos aceitos e metáforas não entendidas. Seres "mitó'ticos", não mitológicos, teimam em "ver" a vida, dentro da "ótica" de cada um, mas se têm "liberdade" para "enxergar"..., é outra história. À condição de Mitos, com facilidade, Poetas como nós são elevados. Nossas metáforas criam e dão liberdade a quem não tem. Se temos tais "Dons" que o vivamos ao menos..., com verdade ! Jinhos. em Metáforas de Liberdade
em 08/06/12
Mito se torna mito quando um coletivo tem uma crença em comum... é como você disse, um empecilho pra liberdade, e falando nela acho que a comunicação é autentica quando sai primeiramente de si e não do outro em você,que é mais cômodo ... Será que o livro, O poder do mito, já ficou démodé? A jornada do herói não está desgastada? :>)Beijo, Joana! em Metáforas de Liberdade
em 07/06/12