O sensual, de uma forma só nossa

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domingo, 14 de agosto de 2011

Idade Média - Século XXI

As palavras constroem mundos, são mundos e nos tornam mundos.
Palavras são também  direções, incursões que nos levam à aventura de se saber mais  coisas, das coisas, dos assuntos, das pessoas e nos colocam, em pensamento, primeiramente ou não, em caminhos diversos ou  labirintos ou encruzilhadas livres para percorrermos nosso universo de informações - quantidade dá qualidade - e nos surpreendermos com nossos próprios pensamentos e/ou com os dos outros.
Uma simples palavra me pôs nesse caminho. Por sua singularidade e efeitos: Apelo.
Levou-me a incríveis situações de nossa "atualidade". E acordei na Idade Média. Saí, voltei ao Século XXI. A surpresa. Essas épocas se mesclam entre si. Preciso explicar por quê?

Assisti à entrevista com J.K.Rowling - Harry Potter - feita pela Oprah. Jo falou sobre sua esquizofrenia, seus surtos, sobre o enfoque do mal, do ambiente soturno, escuro, em sua mente e em seus livros, da morte ( após perder sua mãe). Toda esse  sombrio cenário de seua mente. Escreve, necessita escrever pela sua "sanidade". 400 milhões de livros vendidos é sucesso absoluto para um mundo habitado por bruxos - cicatrizes de rato-  feiticeiros, agentes do mal, enfim um mundo de trevas que encantou os leitores infantis e juvenis. Contou que uma jovem, ao encontrá-la, lhe disse: "Você foi minha infância e juventude!". Seu editor, após o 11/09 a apoiou na visão do mal em seus livros: " É preciso ensinar às crianças o mal". Atribuiu seu sucesso ao "apelo" da humanidade.
 Não, não precisamos ensinar o mal às nossas crianças e, sim, que há o mal - como nos protegermos dele e o bem para praticá-lo. Afinal nossas crianças e jovens não são bruxos, vivem com muito sol. Ah! Monteiro Lobato (ainda neste artigo).

Coincidentemente, li uma repotagem sobre Charlaine Harris - representante da literatura gótica, nos Estados Unidos. Seus personagens são fadas, bruxas, zumbis, lobisomem, morto-vivo, vampiros ( os dela são marcadamente sexuais, diferentes dos vampiros de Stephenie Meyer), metamorfoses, sangue e sexo, além-túmulo.
Mais de um milhão de livros vendidos pela Amazon. E por outras fontes. (Veja) 
Personagens que persistem. Quem acredita neles, acredita em qualquer coisa. E está feita a festa para os dominadores do mundo.

Uma coisa leva a outra, e fui ver os vampiros de Stephenie Meyer. Conheci outros tipos de vampiros: vampiros vegetarianos (dispensam o sangue, mas sentem o cheiro das pessoas, Edward sentiu o cheiro de Bella, e era tentador, mas ela não precisaria se preocupar, ele não a chuparia), vampiros rastreadores (este viu Belle e ficou sedento e obsessivo por seu sangue) e, de repente, o inimigo dos vampiros, um lobo com pele de homem, Jacob. Não posso deixar de citar os "vampiros" que sugam "energia"( na psicologia).
Filmes com platéia lotada. Milhões de espectadores. Virou coqueluxe da juventude. Muitas jovens sonhando com mordidas na carne. Muitos jovens sonhando com morder a carne das mulheres. E estupros acontecendo.

Aliás, sem me deixar perder neste pensamento, devo citar Rubem Fonseca, escritor brasileiro, famoso. Ele também levou o "apelo" a sério e escreveu um livro de contos: Axilas.
O nome vem de um personagem fixado em morder as axilas das mulheres. Ai! Ai! Ai! Outros personagens, todos masculinos, mordem a carne das amantes (com certeza atraídos pelo cheiro de sangue -   seriam vampiros rastreadores?) gostam de 
espancar as mulheres ( os rastreadores as sugam até a morte), são fascinados por suicídios, mas desapontados com homicídeos (ah, preferem que elas se suicidem)!! conta também uma "anedota sexual" de uma mulher com uma perna fina (teve poliomelite)!? (Reportagem na Veja)

Fui ao cinema. Não foi escolha minha. Mas minha amiga, que mora no estrangeiro e não sabe mesmo de nada que acontece no Brasil, quis assistir a um filme brasileiro: Ah! pensei! Vá lá. Confesso que não gosto. Os temas, já se sabe: sexo e violência: o mal em favelas, o mal em assaltos, em queima de ônibus, no Nordeste, no Rio de Janeiro, em São Paulo, nas estradas, em roubos a bancos... Ah! O nome do filme era Assalto ao Banco Central. Já vi o que me esperava. Mas devia isso a ela. E havia mais de três milhões de espectadores. Será que iriam desvendar o mistério?
Antes do filme, assisti a trailers de filmes: com zumbis, morto-vivo, cemitério, lobisomen, além-túmulo - (já sabem quem) personagens que se repetem, repetem e eu repeti. É o "apelo! "do momento. Por analogia, já que minha mente só pensava em bruxos, etc., pensei nos brasileiros...
Principalmente no "apelo" brasileiro de filmes, já que estes personagens estão no mesmo mundo. Aqui , no real, o tempo não se esquiva de avançar. 
Começou o filme.  Cena de sexo e a contratação dos "brasileiros" para executar o roubo. Os "mentores", os "bruxos", os "vampiros", foram estrategicamente retirados de cena, ou porque o roteirista não sabia de nada mesmo, ou fez que não sabia. E, assim, o filme se limitou a nos ensinar como se abre um túnel, se mata um colega ou se o delatamos ou o ajudamos... como fez a polícia. Nada contra os atores, que suaram em meio à lama e sordidez da situação, tendo que matar ou delatar os companheiros e que acabaram na prisão. 120 milhões não foram achados. Que decepção. Mas não surpresa! Não houve um deputado, me parece que aqui no Paraná, que, quando foi pego com a mão no dinheiro (nosso), não disse, "esse dinheiro não tem dono!" E o Banco Central tinha bastante...

"Apelo"...

Continua...e para qual caminhos me levou... direi.

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