O sensual, de uma forma só nossa

O sensual, de uma forma só nossa

domingo, 10 de novembro de 2019




Sempre li notícias de jornais, revistas, internet , onde estivesse. Lia com atenção. Lia sobre valores, como fazer um mundo melhor, evolução tecnológica, conquista do universo, descobertas científicas. Lia sobre a mulher, assunto que me interessa. E sobre religião. Paro aqui. Religião?!! Os argumentos só mostram o mal nas religiões, partindo do pressuposto que os deuses nascem sempre na miséria e desesperança. Fui chamada de preconceituosa, tive de me defender, pois expressar uma opinião_conclusão, baseada em fatos, não tem significado para quem tem um significado. O preconceito venceu a verdade. Quando digo que não acredito em Deus, nem em alma, paraíso ou virgindade de Maria _ nada prova que ela existiu, sou fuzilada com os olhos pelas "religiosas", que se apressam a citar os milagres que conseguiram mediante a "virgem", ou os perigos evitados pelos "anjos da guarda" delas.
_"Não diga tal coisa contra, é preconceito!"
E lá ia minha espontaneidade em falar o que pensava, pois não era o que "elas" pensavam.
Venceu o termo "preconceito"; se se discute com outra raça é preconceito! E ficam as histórias de milagres, realizados pelos "santos".... E vá falar do efeito placebo, da auto-cura que o corpo realiza. E tudo mesclado com o meu sentimento de culpa, que reluta em me deixar à vontade. Afinal, também coroei Nossa Senhora em maio e fui Madalena numa procissão de Corpus Christi!!!!
E não adianta falar dos crimes atrozes cometidos em nome de Deus! E das extorsões financeiras para a cúpula religiosa se manter no poder.
Se você fala da submissão da mulher, é praticamente "espancada" com palavras! "_Onde já viu, veja quantas conquistas! Mas elas continuam com jornada dupla, esperando o marido com os afazeres em dia, e os filhos, incluindo as meninas, sendo servidos pela "mãe". Só que menina, quando sai de casa, sai geralmente para casar, e tem que esquecer que um dia foi gente e entrar no papel feminino secularizado. Ansiedade? Depressão?
Se falam de crianças, falam só de felicidade, etc... Maldade para com elas... É vergonha denunciar! E as crianças que nasceram para exercerem sua vida, enfrentam os obstáculos violentos sem defesa! Quantos perguntam: "Onde morar?", "onde comer", "onde estudar"? E fecham-se , tremendo de medo, sonhando com o dia em que se livrarão do inferno_ de sua casa.

Bem, passo rapidamente para o depois. Depois do quê? De 11 de setembro de 2001. E por quê? Perdi minha direção! E ainda tive que ver toda uma nação, após a tragédia, cantando God bless America, e outras nações, estarrecidas, outras, exultantes ( no mundo mulçumano). Onde estava Deus? "Ele" ria com Osama ou chorava em NY? Tudo era em nome de Deus! Isto me faz lembrar um depoimento de um alemão, num documentário na TV, que declarou: " Quando eu estava num campo de concentração, e vi o corpo de uma criança com uma corda amarrada em seu pescoço. Quando seu corpo pendeu suspenso, a imagem de Deus desapareceu!" Em mim, já há muito essa imagem tinha ido!
Eu sabia que toda essa história, construída com detalhes de pensamentos, se transformaria em um espelho com o qual eu mal conseguiria defrontar-me. E se eu perdesse o vínculo com o mundo? Quando as coisas voltariam a ser coisas, a vida a ser Vida? O que reestruturar? Como identificar o que pode ser ressuscitado, como transformar a solidão intencional em canto de isolamento? Como entrar e sair de situações fluentemente? Como descobrir o verso e a profecia dos atos que constroem a vida? Como construir a coragem, mas tendo presente a consciência da imprudência? Como se expressar sem exagero, conforme dizem os "equilibrados"?
Mas se estou alegre além da conta, porque segurar o gesto e a palavra , transformando-os em algo rígido? Que repulsas despertam a espontaneidade e o impulso, imersos em alegria? !
Como se livrar das ciladas da vida?
Joana Rolim

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