Num
exemplo simplista, uma reflexão de momento me levou ao último verso de um poema
que escrevi: 'A escolha da liberdade'. Eu era jovem, talvez ainda não a
entendesse. Mas a desejava. Resquícios de conceitos? Idealismo? O tempo, sempre
o tempo, que dá cara aos momentos, me esboçou o passado: plantava-se no coração
dos jovens o idealismo, a liberdade, alegria... trabalho. Mesmo no Brasil,
aldeia fechada, que nos fechava também. Desmistifiquei obstáculos que impediam
essas sementes de crescer. E tenho muito a aprender. Não sabia se elas
venceriam. Meus textos foram meu diário. Eu vi um botão em cada texto escrito,
e nas minhas poesias em particular. Foi nelas que aprendi a fazer
metáforas. A realidade se sobrepôs, e as metáforas se transformaram em
arte. Jornada difícil. Aventura de vida. A metáfora na vida. Entendi.
Liberdade
tem Beleza, Elegância, Perfeição e Disciplina. Como o Universo.
Assisti a
uma entrevista, gravada, de Joseph Campbell ( O Poder do Mito). Toda a ânsia do
Ser em criar uma ligação com o Universo. Um
exemplo de Mito. Mexeu comigo. O mito e a expressão brilhante de seu
olhar enquanto falava.
"Ritual
da sexualidade" entre índios: A festa dura dias. Muita dança, cantos. Uma
cabana. Uma jovem, nua, deitada no chão. A jovem feliz. Entra um rapaz
para sua iniciação sexual. Depois mais um, outros. Felizes. Cientes de seu fim.
Viveriam a sua verdade. No sexto, a cabana desaba. Mortos, assados, comidos.'
Ainda na
entrevista:
Repórter ─ O mito é mentira!
Campbell ─ O
mito é metáfora.
Repórter ─ O mito é mentira!
O
escritor de repente compreendeu que o repórter não sabia o que era uma
metáfora. Também questionou os mitos de hoje: Quais são nossos mitos?
O mercado? Isso até 1987. De lá pra cá muita coisa, sutil e velozmente, aconteceu.
Assistindo ao jogo de vôlei da seleção
brasileira, sua derrota previsível na quadra, observei um detalhe: em letras
chamativas, o nome do patrocinador. Na camisa, no peito. Um pequeno símbolo,
acima, se referia ao Brasil.
Não era
assim. Lembro-me das letras destacadas e inflamadas de entusiasmo -Brasil
- nas camisas - verde - amarela - dos atletas. Eles representavam o Brasil.
Tinham consciência disso. Eram nosso orgulho, éramos nós lutando - para vencer.
Livres no patriotismo, no grito, na
torcida, na alegria. Queríamos a Perfeição. A vitória. Foi uma sensação
estranha.
O detalhe
na camisa me marcou. Como o brilho dos olhos do escritor, no caso horripilante
narrado. Depois entendi que ele vibrava pelo mito em si. Este acabou. Outros
não. Outros evoluíram. E fez a dramática pergunta: Quais os mitos atuais?
De lá para nossos dias, a humanidade deu um
salto. Para o abismo? Cabe às gerações ainda presentes decidirem.
Voltei ao
jogo. O repórter, no desespero, gritava. Faltou técnica, faltou trabalho!
Faltou responsabilidade! Disciplina! Faltou garra! Não
pode deixar de receber a bola! O que é essa indecisão! Isso é
levantamento? Que tática!? Brasil! De repente um grande
movimento. A torcida dele vai à loucura. Mais decisão! Mais potência
na luta! Quanto mais erros você cometem, mais são dominados! E
a derrota. Não eram livres para a vitória.
Suas palavras eram a ânsia de perfeição se
manifestando, de liberdade abrindo uma brecha para a vitória, no grito de
desespero ante a imagem da tristeza. Era comunicação íntegra, eficaz, que não
comportava derrota. Mas aceita, cabisbaixa, coração apertado.
Onde nossos mitos para explicar o homem e o
universo?
Fala-se no mercado, nas ideologias políticas
ultrapassadas, que fazem e desfazem seguidores, que distribuem medalhas e
que criam suas próprias metáforas. Transformadas em realidade. E aguentemos os
mitos arcaicos que nos dominam, dominam metade da humanidade, como os
religiosos. Alguns de dois mil anos atrás. Outros mais. Outros recentes. Com
personagens falsificados em tramas servis. A ciência é que defende a liberdade.
Somos descendentes de símios. Agimos por imitação.
Se mito é metáfora, ele não é mentira, mas não é
realidade! Aí o problema. Transformar o mito em realidade. Mitos
caducam. Aprisionam. São ninhos de preconceitos, de ignorância, são 'algemas
invisíveis' (metáfora). Aí um empecilho para a liberdade. Aí o blefe imposto à
humanidade.
Um vitória tem sua engrenagem. Na derrota do
Brasil, ela não esteve presente. A liberdade tem sua essência. Me lembrei da
Gestalt, de um seu princípio básico: o paradoxo: liberdade necessita
de disciplina. Aprendi isso cedo. A minha e a compartilhada. Na comunidade.
Na nação. No mundo.
Depois... o jogo de tênis. Federer jogando. A
platéia iluminada com jogos de luzes, destacando rostos. Alegres, torcendo,
vibrando, livres. Um cartaz se iluminou, uma metáfora brilhou: SE O TÊNIS
FOSSE RELIGIÃO, FEDERER SERIA DEUS.
Nessa religião eu entraria: ELE lidera como
gênio, lidera pela perfeição, pela liberdade, pela competência, pelo exemplo,
pela emoção, não dita leis, não promete nada e não manda recados.
P.S. "Seus olhos (dele) são estrelas."
Uma metáfora. Transformada em comparação: 'Seus olhos brilham como uma estrela
brilha. Olhem mais atentamente para o seu olhar. Verão a liberdade.
Liberdade é comunicação.
Joana Rolim
Joana
Rolim:
- Você escreve, de forma metafórica ou não, mas sempre com aquela
condição indelevelmente sua, de criar uma imagem com palavras. Se alguém
disse que "uma imagem vale mais que mil palavras", você com poucas
plavras, cria mil imagem.
Cada pessoa que lê seus escritos, tem mitos aceitos e metáforas não
entendidas. Seres "mitó'ticos", não mitológicos, teimam em "ver" a vida,
dentro da "ótica" de cada um, mas se têm "liberdade" para
"enxergar"..., é outra história.
À condição de Mitos, com facilidade, Poetas como nós são elevados.
Nossas metáforas criam e dão liberdade a quem não tem. Se temos tais
"Dons" que o vivamos ao menos..., com verdade !
Jinhos. em Metáforas de Liberdade
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em 08/06/12
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Mito
se torna mito quando um coletivo tem uma crença em comum... é como você
disse, um empecilho pra liberdade, e falando nela acho que a
comunicação é autentica quando sai primeiramente de si e não do outro em
você,que é mais cômodo ... Será que o livro, O poder do mito, já ficou
démodé? A jornada do herói não está desgastada? :>)Beijo, Joana! em Metáforas de Liberdade
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em 07/06/12
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2 comentários:
Mito se torna mito quando um coletivo tem uma crença em comum... é como você disse, um empecilho pra liberdade, e falando nela acho que a comunicação é autentica quando sai primeiramente de si e não do outro em você,que é mais cômodo ... Será que o livro, O poder do mito, já ficou démodé? A jornada do herói não está desgastada? :>)Beijo, Joana!
Joana Rolim:
- Você escreve, de forma metafórica ou não, mas sempre com aquela condição indelevelmente sua, de criar uma imagem com palavras. Se alguém disse que "uma imagem vale mais que mil palavras", você com poucas plavras, cria mil imagem.
Cada pessoa que lê seus escritos, tem mitos aceitos e metáforas não entendidas. Seres "mitó'ticos", não mitológicos, teimam em "ver" a vida, dentro da "ótica" de cada um, mas se têm "liberdade" para "enxergar"..., é outra história.
À condição de Mitos, com facilidade, Poetas como nós são elevados. Nossas metáforas criam e dão liberdade a quem não tem. Se temos tais "Dons" que o vivamos ao menos..., com verdade !
Jinhos.
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