O sensual, de uma forma só nossa

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domingo, 16 de outubro de 2011

Sites de encontros - Perdoar- o conceito

                                                       PERDOAR
Peguei um papel amarelado pelo tempo, e a palavra, também amarelada no meu tempo, me devolveu a sua complexidade, quehá muito  me atraiu.
No papel: perdoar. uma abordagem.
Na mente: qual seu real conceito, o que perdoar, como perdoar?
   Sem remorso
Eis o  raciocínio de Skidmore, na Veja, sobre o atraso do Brasil, cuja moral predomina na cultura brasileira." O protestante (americano), como diria Calvino, nunca sabe se será salvo ou não. O católico sabe que será salvo a cada missa de domingo. Ele vai até o padre, consegue uma absolvição para os pecados e volta para casa. Livre para pecar mais uma semana."
Perdão divino
Para o 'brasilianist' da Brow University, a elite americana tem sentimento de culpa. É um traço do protestantismo. Ela sabe que não terá absolvição numa simples confissão. A elite brasileira não. Ela confia no perdão divino aqui na Terra e comete injustiças sob o manto da indulgência celestial. Que tal?
 Uma fatalidade
Diz ainda Skidmore: "Não existe ideal de igualdade no Brasil. Os pobres não acreditam no direito a uma vida melhor. Culpam o destino e ficam na ladainha do 'o senhor é que sabe', 'a senhora é que manda'. E tudo se resume no 'se Deus quiser'.

O papel ficou na gaveta e também na mente. Com este anúncio, do site Hootel (artigo anterior), resolvi encarar definitivamente a questão.

Descontruir é um desafio. Concretizado, desfaz sutilmente idéias-parasitas. Que nos surpreende. Parei e fui mexer, mexido, nelas.

Palavras e suas nuances mudam as mentes, se juntam às mentes, se matam as mentes, se briga com as mentes e, quando elas se tornam  'massas', elas , as mentes, que as criam, celebram, e os que as tomam como verdade e as seguem, se apavoram ou as aplaudem, acostumando-se, ou melhor, se viciando.
Por isso ela  pode ser também perigosa. Quem sabe usá-las, neste caso,  tem  nas mãos o poder.

No Brasil, algumas palavras - manchetes - nos atordoam: Bandidos de Toga (Veja-5/10/11); O Brasil é feito para nos matar - Pedro Cardoso -( Isto É -12/08/09); A Rede de Terror no Brasil (Veja -06/04/11). E terror tem lógica! Bandido tem ética! Assusta, não? Um país abençoado por Deus!

Perdoar fecha uma idéia complexa, que adquiriu o 'satus' de salvo-conduto para a vida eterna. 'Porque se perdoardes aos homens suas ofensas, também vosso Pai celeste vos perdoará; se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, tampouco vosso Pai vos perdoará vossas!' (Mateus 6:14-15).

Na Terra, pressupondo-se outros reinos de Deus, 'Jesus pagou com sua morte na cruz o preço pelos nossos pecados.' Como o brasileiro grita! De alegria! Não é pra menos. Liberdade! 

Isso tudo não deixa de ser uma jogada decisiva por parte da religião. Peca-se à vontade. Passagem paga antecipadamente. 

Mas me pergunto: Como jogar a idéia do perdão em Israel, diante da atrocidade nazista? Ou aos povos dominados pelo comunismo, com seus assassinatos escondidos em covas comuns? Como pais perdoam filhos que os agridem? Ou vice-versa? (Um parênteses:a mãe-dor sempre perdoa! A mãe-não dor avalia antes.) Como perdoar a pessoa distorcida, que age como um meme, contaminando o outro com seu vírus? E as vítimas do fascismo, as vítimas do dominadores na África, matando, matando...E a impossibilidade de pôr em prática outra famosa frase religiosa, dirigida aos 'mortos': 'Levantem-se!' E o mito de Eva que subjugou a mulher como um ser inferior na História da Terra, se imiscuindo em cada faceta e nível de sua vida, transformando-a em 'ovelha '? Até na gramática: homem e mulher? Não! Homens. As cicratizes são na alma.

A realidade: se não se perdoa, se é inflexível, insensível, um "monstro", aos olhos alheios. Me pedoem: Uma filha, um filho do diabo. ( Ainda bem que conheço esta luz e não olho nesses olhos). 

Na expressão: 'Deus perdoa', mora o perigo.É decisiva. Aí a chave: banalização do conceito. Já fizeram isto com a vida. O brasileiro sabe bem. Nós perdoamos muito, banalizamos muito. Tornou-se vício. Vício alimenta ideologias. Azar nosso! TEM ALGO ERRADO. Se não, não leríamos as manchetes... E aí a gente fica  mesmo com cara de Otário, como no cartaz (corajososo, mas que ficou nisso) no recente 7 de setembro.

Curiosidades:
O povo de Alagoas ( terra do Collor) deu o nome a uma 'bolsa ordinária, de palha, grande', de perdoo. Cabe de tudo, e bem fechado.

Recentemente, um senador - Ernie Chambers - Nebrasca, Estados Unidos, não perdoou, ACUSOU Deus
Ele entrou com um processo na Justiça. O processo foi arquivado, mas ele irá recorrer. Perguntado sobre quais eram as acusações, respondeu: furacões, tormentas, fome, doenças.... se Deus era uma pessoa, respondeu que não necessariamente, mas que sua existência está provada nos Estados Unidos (dólar, juramentos); se ele acreditava em Deus, respondeu que não, mas que a Justiça é que precisava acreditar e que, portanto, Ele (onisciente) estaria na corte para o julgamento. (Veja (20/10/08)

Imagine esta CENA no BRASIL? É melhor eu me calar. Mas fazê o quê? Sou povo. Me provocam.

MInha mente se firma. Sorrio. É o final.

Fico com Jacques Derrida. "Perdão, verdade, reconciliação. E a multiplicação de cenas de perdão, reconciliação. (Acrescento; com seus periféricos emotivos!) O valor do perdão é muitas vezes confundido com valores próximos, como a anistia e outros. Perdão não é anistia, nem desculpa, nem reconcliação. Esses valores se misturam, ( se banalizam). 
Que é perdão? É um fenômeno de cristalização, incondicional. Temos de transformá-lo em condicional. 
Perdão depende de avaliação. ``As vezes os menos graves são os piores.

Volto ao anúncio do site Hootel  "Tenha um caso. Se arrependa depois"". Deus perdoa.

Joana Rolim









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